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Mensagem do Dia Mundial do Teatro ou o convite ao espanto
há 184 semanas
 
Informamos que o pedido de apoio D05999 passou para o estado não validado, uma vez que não se encontra inscrito nas finanças com um dos seguintes CAE’s como actividade principal: 90010, 90020, 90030, 59110, 59120, 59130, 59140 e 59200, ou com um dos seguintes códigos IRS (CIRS) como principal: 1314, 2010, 2011, 2019, 2012, 2013, 2014, 2014, 2015, 3010 e 3019 e/ou não ter actividade aberta ou reiniciada, com um dos códigos descritos, como principal em 01/01/2020
(mensagem automática do Governo para muitos dos trabalhadores da Cultura que pediram o apoio extraordinário de 438€ anunciado a 14 de Fevereiro)
 

Garantir a sobrevivência da actividade artística em Portugal em que se incluem milhares de trabalhadores, incluindo os do Teatro terá de passar definitivamente do plano das intenções e das meias medidas que invariavelmente excluem trabalhadores utilizando um argumentário cínico, desonesto escondido atrás de uma pretensa legalidade e de regras desligadas do contexto e da enorme fragilidade que perdura no trabalho artístico em Portugal.
Se o argumento “legalidade” fosse utilizado no momento certo, à partida e não à chegada como são exemplo as regras de acesso às medidas de apoio anunciadas naquele longínquo  Janeiro deixando, mais uma vez, de fora milhares de trabalhadores da Cultura, a grande maioria destes estariam numa situação de protecção social completamente diferente. Munidos de contratos de trabalho, estariam protegidos pelas regras do lay off ou pelo subsídio de desemprego.
Como o CENA-STE refere no seu recente comunicado “EMERGÊNCIA” é fundamental que as medidas de apoio ao sector assegurem mais RAPIDEZ na sua aplicação, EXTENSÃO no tempo, REFORÇO dos valores e alargamento da sua ABRANGÊNCIA porque ninguém pode ficar de fora. 
 

A MENSAGEM PARA O DIA MUNDIAL DO TEATRO

O mundo já não é o mesmo desde que conhecemos a pandemia do corona vírus.  São tantos os problemas a ser resolvidos em que cada escolha que se faz pode determinar a vida ou a morte de milhares de pessoas. 
A pandemia é como uma lupa que veio expor e ampliar as fracturas já existentes na nossa sociedade e ainda mais no meio profissional do teatro onde há décadas se subsiste em precariedade. Milhares de trabalhadores, desde actores a encenadores, produtores a técnicos de palco, entre muitos outros, deparam-se com enormes dificuldades para a sua sobrevivência. 
A "nova normalidade" passou a estar presente no nosso vocabulário e trouxe consigo a "nova pobreza". Corremos o risco de enfrentar perdas culturais, e até históricas, se continuarmos a seguir o guião onde após esta cena de pandemia, voltamos simplesmente à cena da "normalidade", como antes. 
Quantos de nós conseguirão ultrapassar o processo de "selecção" que a pandemia comporta? 
Proximidade e distância é um binómio onde se encontram os alicerces do teatro: a proximidade connosco próprios e/ou a distância perante a sociedade como um todo, é talvez a relação mais forte que o teatro estabelece com cada um de nós e com todos ao mesmo tempo. Nesta relação forma-se um elo invisível onde é possível encontrar o alento necessário para seguir em frente face às adversidades ou descobrir um novo estímulo para reinventar a realidade. 
A pandemia trouxe-nos o exercício diário de gerir proximidade e distância e com uma maior consciência desse gesto, saibamos como nos aproximar uns dos outros e reconhecer a importância do papel que cada um representa neste grande palco do mundo que se apresenta aos nossos olhos sob diferentes formas e abordagens no Teatro.
Hoje, Dia Mundial do Teatro, mais do que nunca, é preciso reafirmar a importância do teatro e da necessidade inadiável de políticas culturais que não se limitem a criar um simulacro de mudança, mas que inscrevam verdadeiramente o início de uma "nova normalidade" onde os deveres e direitos no trabalho sejam assegurados e a palavra dignidade possa ser a primeira a pisar o palco.
 
#cenaste #cena_ste