A União Europeia baseia-se em vários estudos que mostram que o sector cultural, em tempo de crise, é dos poucos que está em crescimento e que por isso pode gerar emprego e retorno económico. Os estudos europeus revelam que as indústrias culturais e criativas são responsáveis por cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto da UE e 3,8% do emprego, e entre 2000 e 2007 o emprego gerado pela criação e promoção artística cresceu 3,5% por ano, muito acima do 1% que a economia da UE cresceu em geral.
Este plano de apoio "Creative Europe", irá distribuir 500 milhões de euros para as artes visuais e performativas, 900 milhões para o cinema e os restantes em apoios para diversas áreas. No cinema há outra novidade, este programa prevê que sejam distribuídos mais de mil filmes europeus e o financiamento de 2500 cinemas para assegurar que 50% dos filmes exibidos sejam europeus.
Este programa terá de passar ainda pela aprovação dos 27 países que compôe a UE e só depois serão abertas as candidaturas para o mesmo. Esperemos que Portugal e o seu governo não se lembrem de rejeitar este plano de apoio para os profissionais das nossas áreas. É chegada a altura de este governo perceber o que é óbvio, que não só a Cultura é essencial para o desenvolvimento dos países e das suas populações, como ela garante o aparecimento de novos postos de trabalho e de retorno financeiro para a economia.
A direcção da AMEC informou os Músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa que iriam ficar sem subsídio de Natal. Como todas as pessoas da administração pública, os Músicos já sofreriam um corte de 50% do mesmo subsídio, mas a direcção decidiu ir ainda mais longe e para isso informou os seus trabalhadores por e-mail, actuando com uma claríssima falta de respeito. Anteriormente, o delegado sindical tinha sido impedido de exercer o seu direito sindical, já que não lhe foi permitida a presença numa importante audição perante o Grupo Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura na Assembleia da República. Tal comportamento da direcção da AMEC é ilegal.
Já este ano o subsídio de férias não tinha sido paga e a direcção usa o buraco financeiro que existe na estrutura para justificar estes cortes. Não é justo que sejam os trabalhadores a pagar com o seu salário as dívidas da estrutura, sendo certo que não foram eles os responsáveis pela má gestão destes último anos.
Aqui fica na íntegra a tomada de posição dos Músicos da OML. O CENA saúda esta luta e está disponível para apoiar os Músicos em todo o que for preciso.
Comunicado
Lisboa, 16 de Dezembro de 2011
Os Músicos da Orquestra Metropolitana vêm por este meio comunicar que este concerto se irá realizar sobre protesto, com os seguintes fundamentos:
Remunerações em Atraso - O pagamento das remunerações a que a direcção da AMEC está contratualmente obrigada está a ser violado desde Agosto de 2011;
Preocupação com as opções de gestão tomadas que conduziram a um deficit de cerca de 3 milhões de euros A direcção da AMEC tem refutado riscos e perigos na sua tomada de decisões, colocando a instituição em causa e empurrando-a uma vez mais para uma luta de sobrevivência;
Violação reiterada do Regulamento Interno por parte da Direcção da AMEC;
A gravidade da situação da AMEC à qual se acrescenta a conjuntura de crise actual, exige uma liderança dedicada e a tempo inteiro - A acumulação de funções que se verifica na pessoa do Presidente da AMEC, que também é Director Artístico e Maestro Titular, para além de incompatível e perniciosa ao nível de regalias e retribuições, tem sido rotundamente improfícua. Acresce o facto de o Presidente da AMEC continuar a desenvolver a sua carreira noutras instituições, nacionais e internacionais, o que levou a uma média de duas semanas e meia por mês de ausência (período de Janeiro a Outubro 2011). Consideramos que o uso da instituição meramente como meio de amplificação do sucesso individual, em detrimento da causa colectiva, é imprudente e intolerável;
Ausência de comunicação com a comissão de trabalhadores e recusa por parte da direcção no direito à informação da mesma;
Somos conscientes das enormes dificuldades que o país e em particular a população portuguesa atravessam e como tal, sempre mostrámos abertura e disponibilidade na procura do caminho da viabilidade institucional que a Metropolitana enquanto instituição de referência merece.
Temos cumprido com zelo e diligência as nossas funções. A nossa conduta perante a Direcção da AMEC tem primado pela urbanidade e respeito, todavia, e face à ausência de reciprocidade de trato e ao acima exposto, irá ser entregue um pré-aviso de greve a realizar no dia 1 de Janeiro de 2012 (Concerto de Ano Novo).
Subscrevemo-nos com estima, os Músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Ouve aqui.
Bruno Cabral dos Intermitentes, Helena Batista da direcção do CPAV e Olga Prats, pianista e Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sindicato dos Músicos.