A Plural, tendo ainda um longo caminho a percorrer para cumprir o CT, é a produtora que mais trabalhadores tem com contratos de trabalho, mesmo que sem vínculo efectivos. Isto só foi possível com a intervenção do Sindicato, devido às várias denúncias à ACT.
Recentemente, a Altice propôs-se comprar a Media Capital, processo que a acontecer pode levar a que estas precárias e ilegais condições de trabalho na Plural, e no restante grupo, regridam ainda mais.
A Altice entrou em Portugal com a compra da, na altura falida, Cabovisão, num método de negócio praticado pela empresa em vários países. Com a compra da Cabovisão a Altice despediu centenas de trabalhadores, num processo idêntico ao da compra da ONI. Na PT/MEO, a Altice pratica os mesmos métodos de chantagem e assédio sobre os trabalhadores. Está a fazer um despedimento colectivo encapotado, pressionando os trabalhadores a rescindirem contratos ou a aceitarem passar para outras empresas. A Altice tem noutros países práticas idênticas: Em França, promoveu um dos maiores despedimentos que há memória na empresa de telecomunicações; despediu trabalhadores na área da informação escrita.
A Altice, já hoje presente no mercado audiovisual, financia séries em vários países e produziu recentemente uma em França.
Vendo o que se passa na PT e em negócios anteriores, podemos imaginar o que aí vem.
Para o CENA-STE a concentração na Altice da maior operadora de comunicações, da maior rede de televisão por cabo, da maior produtora de audiovisuais e de um grande canal privado com sinal aberto levanta naturais preocupações.
Não sendo ainda públicos os objectivos para a Plural, é alarmante que este gigante dos despedimentos e da destruição de postos de trabalho possa gerir o futuro da empresa, não para potenciar o conhecimento, a experiência e a qualidade reconhecida dos trabalhadores da Plural, mas para precarizar e aproveitar a lei da selva que se vive no sector, desvalorizando os trabalhadores para valorizar as produções que fará para países com maiores quotas de mercado que o Português.
O CENA-STE solidariza-se com todos os trabalhadores da PT que lutam em defesa dos seus postos de trabalho e apela a que os trabalhadores da Plural se mobilizem e sindicalizem para estarem preparados para a ofensiva revanchista contra os seus direitos.
Mostramos também o nosso repúdio ao Presidente da República que assim que foi anunciado este negócio recebeu a Altice, a Media Capital e até os representantes de outro grupo de media, e que em nenhuma altura achou necessário receber os trabalhadores da Media Capital e os sindicatos que os representam.
Desde há muito tempo alertamos para a necessidade dos trabalhadores se organizarem e sindicalizarem para resolverem a sua situação contratual. É por isso mais necessário do que nunca que os trabalhadores da Plural com vínculos precários e ilegais exijam a regularização da sua situação. Independentemente da compra ou não da Media Capital pela Altice, a sindicalização e organização dos trabalhadores no CENA-STE é o primeiro passo para exigir a melhoria inequívoca das condições de trabalho.
SOBRE O NOVO MODELO DE APOIO ÀS ARTES
O Ministério da Cultura apresentou no dia 10 de Julho às organizações representativas do sector, e nos dias 11, 12 e 13 às entidades do sector, o novo modelo de apoio às artes.
Estas sessões iniciaram-se com a apresentação do estudo realizado pelo CIES-IUL para caracterizar e identificar as propostas do sector. As conclusões apresentadas demonstram a justeza das críticas que o Sindicato e outras plataformas fazem ao actual modelo.
Foi depois apresentado pela DGArtes e pela tutela as propostas que constarão do Decreto-Lei que entretanto nos será disponibilizado.
Apesar do fim dos tripartidos, identificamos a possibilidade de ser reforçado o peso do municípios neste novo modelo. Nesta questão como em várias outras, apenas o regulamento poderá esclarecer de forma clara qual será este peso, seja na valorização dos acordos com autarquias nos apoios sustentados, seja na regulamentação dos apoios através de parceria, criados neste novo MAA. Será preciso também perceber como funcionarão as parcerias no que diz respeito a entidade privadas.
Mantemos e não abdicaremos do princípio constitucional de que é ao Estado Central que cabe o papel de garantir a criação e fruição culturais e tememos que esta proposta abra portas para que no futuro isso não seja garantido, criando uma espécie de PPP's nas Artes.
Nasce depois uma terceira forma de financiamento, a do apoio a projecto, que será a substituição dos apoios anuais e pontuais, e cujos critérios de avaliação terão de ser claros para que os pequenos projectos não sejam obliterados por projectos com maior estruturação.
Em resumo, subsistem respostas que não são ainda dadas e soluções que ainda não foram encontradas. Para o CENA-STE é essencial que a questão da precariedade esteja respondida nos regulamentos dos concursos e que os mesmos contribuam de forma efectiva para aumentar a estabilidade laboral no sector.
É nossa convicção que este modelo pode não ser ainda o mais adequado para a redução das assimetrias regionais apesar dos possíveis cenários que nos foram transmitidos.
Damos nota a todo o sector de que os regulamentos dos concursos estarão, durante 30 dias, em período de auscultação pública a partir do final de Julho. É por isso necessário que este Agosto sirva para que o maior número de entidades sugira alterações que visem tornar estes regulamentos o mais adequados possíveis às necessidades do sector e respondam aos princípios basilares de clareza, transparência, independência e diversidade.
De qualquer forma saúda-se aquilo que de bom consta desta proposta, uma simplificação dos processos concursais, o assumir de prazos atempados para as candidaturas e a manutenção dos criadores como elemento basilar de todo o modelo de apoio.
No ano corrente, os concursos irão abrir na segunda quinzena de Setembro para o plano de apoio sustentado e no início de 2018 para o plano de apoio a projectos.
Quanto à questão essencial, o reforço da verba para um orçamento acima de zero, continuamos sem luz ao fundo do túnel.
Resultados Eleições e Tomada de Posse
As eleições dos Corpos Gerentes do CENA-STE para o quadriénio 2017-2021, tiveram a participação de 193 associados.
Divulgamos apenas hoje os resultados porque desde dia 28 de Junho, chegaram votos por correspondência com carimbo até esse dia e que teriam de ser considerados.
Votos: 193
Lista A: 192
Abstenção: 1
A sessão de Tomada de Posse dos Corpos Gerentes é já no dia 9 de Julho, às 11h, na nossa sede, Rua D.Luís I, 20-F, em Lisboa.
Todos os associados estão desde já convidados a comparecer.